Senso
comum: nem sempre fazemos parte
Voo atrasado. A ideia de ter de esperar não
me convinha; queria chegar o quanto antes e já me encontrava em estado de
tédio. Para passar o tempo que insistia em não passar – talvez pela ansiedade
os ponteiros do relógio custavam a andar –
entrei em uma livraria à procura de algum livro interessante. Fixei os
olhos em um que estava entre os mais vendidos dos últimos meses. Um best-seller
norte-americano, por sinal. Já havia escutado comentários positivos a respeito
do livro e o atendente do estabelecimento encarregou-se de reafirmá-los.
Comprei o livro. Comecei a lê-lo entusiasmada, mas, que me desculpem os amantes
de “A culpa é das estrelas”, não gostei.
Em algum momento, você já percebeu que
existem coisas que são consideradas de bom e de mau gosto na literatura, nos
filmes, nas estampas das calças que estão nas vitrines. E não sou eu nem você
quem escolhe o que é bacana ou não. Independentemente do que achamos, caviar é
chique, pão com manteiga é simples, “Laranja Mecânica” é cult, “Crepúsculo” não
é cult, etc. Trata-se de um senso comum de uma maioria.
O bom e o mau gosto não são semelhantes à Lei
da Gravidade que sempre funciona: você solta um lápis no ar e sabe que ele vai
cair. As regras que pautam o gosto não têm exatidão nem são universais: arrotar
pode ser péssimo para um povo e um sinal de gratidão para o outro (hábito comum
entre chineses após as refeições). Porém essas regras mudam ao longo da
história: hoje, futebol é um esporte popular e ouvir jazz é fino. Porém,
futebol já foi chique e jazz um pagodão.
Entretanto, somos
personagens unidimensionais cujos gostos formam um todo coerente: se gosto de
praia não gosto de campo; se fico bravo com tal situação, sempre fico bravo.
Somos pessoas, e por isso mesmo, somos complexas, insatisfeitas e
contraditórias. Simplesmente acho que o livro de John Green não corresponde a
tamanha propaganda publicitária e, desta vez, a culpa nem é das estrelas.
Aluna: Cassiane Borges Wendling
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora: Sandra T. Brandt
Texto muito bem escrito e argumentado, a relação entre a leitura e a contextualização textual foca o entendimento da aluna, parabéns!
ResponderExcluirEssa Cassiane, sempre com bons textos, parabéns guria!!
ResponderExcluirBaita texto!
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