quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Turma 201 - Eis a questão: ter ou ser?

       Viver em um país extremamente capitalista e não ser influenciado por este tipo de vida é algo para os fortes. Somos fuzilados por propagandas a todo o momento, chegando a nos transformar em meras vitrines ambulantes. Moda, consumo excessivo e o ter para ser: eis o tripé de uma sociedade onde o capital possui peso máximo e inatingível.
      Diariamente, lançam-se produtos novos no mercado. Preços estrondosos são etiquetados em roupas que vão parar nas vitrines mais cobiçadas no requisito moda e glamour. Tendências servem para regular nosso instinto de escolha, tornando-nos simples máquinas perante um mercado com tamanha diversidade de produtos. Vemos então a idealização do ser humano em uma única e conhecida palavra: consumidores.
        Somos moldados por formas padrões. Temos as mesmas roupas, usamos os mesmos calçados, falamos do mesmo modo, idolatramos as mesmas marcas. Encontramo-nos em pleno século XXI, e se paramos para refletir sobre nossa sociedade em geral, chegaremos a uma assustadora conclusão: há tempo que grandes descobertas não são feitas ou ideias que poderiam fazer girar a sociedade e o mundo do avesso não são pensadas e, muito menos, comprovadas. Nós, cidadãos, estamos caminhando para um ponto onde deixaremos de ser considerados seres humanos, para então nos transformarmos em fantoches humanos – termo este que será de uso preciso a todos aqueles que não possuírem vontade própria e que serão manipuladas por outrem.
        Pensar, refletir, sintetizar ideias e argumentos são exercícios que não darão forma ao corpo, não vão criar músculos ou um bumbum durinho; diferente disto, estas atividades vão moldar algo que possui maior importância: nosso cérebro, nosso conhecimento, nossa bagagem. Ter e ser só possuem três coisas em comum: a quantia de letras, a terminação e, consequentemente, fazem parte da mesma conjugação em virtude do –er, além disto estes verbos não se identificam em nada. O primeiro designa tudo de material, ou o que você possa vir a deixar de possuir, e o segundo representa tudo o que você realmente é: seu ego, seu conhecimento, sua sabedoria, seus princípios, suas ideias e convicções. Agora lhes pergunto: o que tem maior peso: ser ou simplesmente ter?

Artigo do Jornal Zero Hora de segunda-feira, 31 de outubro de 2011.
Escrito por Romualdo Monteiro dos Santos, professor de filosofia 
Texto adaptado pela aluna Ana Paula Sordi da Turma 201.

Nenhum comentário:

Postar um comentário